Doutor Pedro Calabres, que é PhD em Comportamento Humano, diz que as maiores guerras da nossa vida são travadas no campo de batalha da comunicação. Mas será que eu tenho tido sucesso nessas guerras, nessas batalhas? Muitas das vezes, diversas consequências ou coisas que não saem como planejado, tanto dentro das empresas quanto no âmbito pessoal, elas têm a sua raiz numa determinada falha de comunicação. Então eu te pergunto, será que você se comunica bem? Será que eu me comunico bem? E até mais do que isso, o que é se comunicar bem? E até mais do que isso, o que é se comunicar bem? Quando eu faço essa pergunta nas palestras, nas aulas, eu deixo que os alunos respondam. Até para eu ter uma ideia do que as pessoas pensam a respeito do que é se comunicar bem. E muitas pessoas já chegam dizendo, ah, se comunicar bem é ter uma voz bonita. se comunicar bem é ter uma dicção excelente, conseguir pronunciar os sons com bastante clareza. Outras pessoas acreditam que a questão dos gestos, dominar os gestos, ter uma desenvoltura, ser uma pessoa carismática, atrair a atenção das pessoas, é algo que torna ou define a comunicação como uma boa comunicação. E eu quero ir um pouquinho mais profundo com você, que é parar para refletir o que de fato a palavra comunicação nos diz. No latim, comunicação vem de comunicatio. E pasmem, o significado de comunicatio não significa voz bonita, não significa dicção, não significa atração da atenção das pessoas. Significa tornar comum. Ou seja, se comunicar, e eu não estou falando ainda de comunicar bem, tá? Mas de comunicar. Comunicar é tornar algo comum. Eu estou aqui me comunicando com você, certo? E eu tenho um grande desafio de conseguir me comunicar. Ou seja, passar aquilo que está dentro da minha cabeça, que eu organizei para passar pra você. E, de alguma maneira, através dos meios, através de uma estratégia intencional ou não intencional, conseguir fazer com que aquilo que está na minha cabeça passe para a sua cabeça. Agora, onde que entra o desafio, tá? E por que se comunicar é algo que parece ser tão difícil? Se comunicar corretamente, conseguir fazer com que na cabeça da outra pessoa chegue aquilo que está na minha cabeça. E isso, de novo, está tanto no nosso âmbito pessoal quanto profissional. Quantas vezes no meio de um diálogo, uma conversa, ou até mesmo algo que se tornou uma discussão, a gente começa a perceber que nós estamos falando, falando, falando, falando, falando, e a outra pessoa não está nos compreendendo. É bem comum, não é mesmo? Falhas de comunicação que acontecem dentro do ambiente de trabalho, muitas das vezes, têm a sua essência na questão da comunicação, não conseguir chegar do outro lado, chegar para a outra pessoa com sucesso. Até chega a uma comunicação, mas ela não é bem compreendida. Então, tornar aquilo que está na minha cabeça comum, a cabeça da outra pessoa, ao entendimento da outra pessoa, é um desafio por alguns motivos. outra pessoa, ao entendimento da outra pessoa, é um desafio por alguns motivos. Alguns deles que eu consigo listar para vocês é que cada um de nós, como minha avó dizia, é um universo. Cada cabeça, uma sentença, ela falava. Todos nós temos vocabulários, palavras que para nós significam algo que pode ser diferente do que significa para outra pessoa. Todos nós temos uma história, uma trajetória que nos dá significado às situações, às coisas, aos objetos, às cores, aos ambientes. Todos nós temos um universo dentro da nossa mente. Então quando eu pronuncio uma frase, essa frase pode chegar na outra pessoa de uma forma diferente, por quê? Porque baseada na minha história, na minha trajetória, nos meus conceitos, nos meus entendimentos, ela tem um significado. Mas quando ela chega para outra pessoa, ela pode ter um outro significado. E não só o conteúdo da minha mensagem, mas a forma que eu me expresso. Um exemplo super simples que eu utilizo nos meus conteúdos é em relação aos gestos. Eu tive a oportunidade de palestrar em Manaus alguns anos atrás. Acho que foi em 2019. E eu lembro que uma pessoa, depois de assistir a minha palestra, chegou pra mim e falou assim, tá isso que você falou sobre os gestos é tão real, deixa eu te contar uma história. E eu falei, por favor. Ele é um venezuelano que veio para o Brasil, foi morar em Manaus. E ele disse que as pessoas chegavam para ele e o cumprimentavam dessa forma. Talvez você já tenha visto esse tipo de cumprimento, certo? Então as pessoas, e aí, tudo bem? Só que onde ele morava, na Venezuela, isso aqui tinha um outro significado. Isso aqui era basicamente chamar a pessoa para sair. Então quando as pessoas vinham ali da cidade, do contexto onde ele estava inserido, agora um novo contexto, faziam um sinal para ele, as pessoas estavam fazendo com uma determinada intenção, mas para ele estava chegando de uma outra forma, um outro significado. Por quê? Porque todo o background dele, toda a experiência, a vivência dele, fazia com que ele tivesse um entendimento a respeito daquele gesto diferente. Tudo bem? Isso é só um exemplo. Gesto, sem dúvida, é algo que a gente pode usar como muitos exemplos que em um lugar tem um significado e no outro lugar não tem nenhum significado ou tem outro significado. Então, esse aqui por exemplo, todas as vezes que alguém vai falar sobre italianos, vou fazer esse gesto. Conversando com pessoas italianas, estudando italiano também, algumas pessoas me disseram que isso aqui é quando as pessoas estão muito bravas, ou estão repreendendo alguém, elas vêm e utilizam esse gesto. Já em Israel, esse gesto aqui significa pare. É o gesto utilizado pelos policiais, por exemplo, israelenses, para pedir para que as pessoas parem. Tudo bem? Meu tio, que mora na Austrália, contou pra mim que esse gesto aqui, por exemplo, lá, é basicamente o dedo do meio aqui no Brasil, que tem um significado ruim, obsceno, ofensivo. Mas se você fizer isso aqui, lá na Austrália, você estará mostrando o dedo do meio. Completamente diferente. Esse gesto aqui, que pra nós é um gesto de ok Algumas pessoas compartilharam comigo Pessoas que foram pra esse país asiático Disseram que na China Esse gesto significa um gesto obsceno Ou seja, dependendo do contexto Nós temos significados diferentes Por quê? Porque cada cabeça uma sentença Então eu dei exemplos um pouco mais escrachados, né, de gestos que têm diferenças conforme a sua cultura, sua região, sua localidade. Mas quantas das palavras que nós utilizamos, que para nós pode ter um significado, no dicionário pode ter um outro significado e na cabeça da outra pessoa tem uma outra carga de significados. Nós somos seres humanos, seres que damos significado às coisas. Então, não sei se você se recorda que nas nossas primeiras aulas sobre marca, eu comentei que marca é um conjunto de símbolos, crenças e significados que nós damos às coisas. Então, um time de futebol pode ser mais do que só um time de futebol. Para uma pessoa pode ser a sua paixão. E para uma outra pessoa, esse mesmo time de futebol, ele pode representar um ódio, uma repulsa. Então, um símbolo, o símbolo daquele time, pode ter diversos significados e sentimentos atrelados e crenças para cada uma das pessoas. Logo, a nossa comunicação se torna um grande desafio. Conseguir fazer com que está na minha cabeça torne comum a cabeça de vocês. E esse desafio é algo que nós enfrentamos 100% do tempo em que nós estamos em contato com outras pessoas. Por quê? Porque nós nos comunicamos 100% do tempo. Mas tá, eu não estou falando 100% do tempo. Tudo bem, mas você está se comunicando. A sua postura, sua linguagem corporal, sua expressão facial, seu posicionamento, tudo comunica, tudo comunica, ok? Então, quando nós falamos sobre comunicação, nós estamos falando sobre um grande desafio, e se comunicar bem, pode ter muitos significados, na cabeça de cada pessoa tem um significado diferente, o significado que eu quero trazer pra vocês é de conseguir fazer com que aquilo que está na minha cabeça chegue na cabeça da outra pessoa da maneira mais próxima que eu desejo. Então, conseguir com assertividade passar uma determinada mensagem que está dentro do meu espectro, né? Dentro da minha intenção. Então, algumas pessoas podem definir de outra forma, como eu falei, uma dicção bonita, uma voz, etc. Mas tudo isso é o quê? Ferramenta. A voz é uma ferramenta para que eu possa tornar comum aquilo que está na minha cabeça. A dicção é uma ferramenta. Os gestos é uma ferramenta. A escolha das palavras é uma ferramenta. Tudo bem? Tudo isso é ferramenta. São meios que eu vou utilizar para poder me expressar e me comunicar. Mas e aí? Será que você e eu nos comunicamos bem?