Quando nós estudamos a ciência da comunicação, que é uma área de estudo até mesmo acadêmica, ali a gente acaba conhecendo diversas teorias da comunicação. Eu quero trazer uma delas, que é extremamente simples e muitas escolas durante o ensino fundamental ensinam para as crianças, mas que a gente desdenha completamente por não conseguir entender qual é de fato a aplicação prática. por não conseguir entender qual é, de fato, a aplicação prática. Nesse sistema de comunicação, a gente tem alguns elementos que compõem a comunicação e que garantem que essa comunicação seja, de fato, uma comunicação. Por exemplo, ela começa com um emissor, uma pessoa que emite mensagens. Então, nesse caso, eu estou emitindo uma mensagem para você. E você está no papel de receptor dessa mensagens. Então, nesse caso, eu estou emitindo uma mensagem pra você. E você está no papel de receptor dessa mensagem. Então, tenho um emissor e eu preciso que tenha um receptor dessa mensagem. Eu preciso ter a mensagem, certo? Além disso, eu preciso ter um meio pra que essa mensagem chegue até você. E aí, isso pode ser, por exemplo, quando você decide mandar uma mensagem por WhatsApp, você pode mandar ela por áudio, você pode mandar ela por escrito, você pode mandar ela por vídeo, certo? E aí você pode ligar pra uma pessoa, você pode mandar um e-mail, você pode mandar por alguma outra rede social, você pode falar pessoalmente, utilizar o ar como um meio. Então, existem muitos meios para se comunicar com alguém. Então, eu escolho a mensagem e depois eu defino qual que é o meio que eu vou utilizar pra poder comunicar. A escolha do meio tem um forte impacto, por sinal, em como chega pra outra pessoa. Quer um exemplo bem simples? Dentro do ambiente remoto, muitas das vezes a gente escolhe escrever uma mensagem pra falar algo que talvez a gente poderia ter chamado a pessoa para uma videochamada. A gente às vezes manda um áudio para uma pessoa que poderia ser facilmente uma mensagem curta e simples. Ou, por exemplo, a gente chama as pessoas para uma reunião que poderia ser só um e-mail. Faz sentido? Então, a escolha do meio, ela vem depois da gente definir qual que é a mensagem que eu quero passar. Qual que é a mensagem que eu quero tornar comum para a cabeça da outra pessoa. Beleza? Então, nós temos emissor, receptor, mensagem e o meio. Além disso, a gente tem um processo que acontece nesse meio tempo, que é o processo de codificação. E não, eu não estou falando de código, não estou falando sobre codar. Estou falando sobre, a partir do momento que eu tenho uma intenção na minha cabeça, eu preciso tornar ela uma mensagem que vai ser passada pelo meio. Só que essa mensagem, ela passa por um processo de codificação. O que é então esse processo de codificação? Esse processo é o processo onde eu escolho, de maneira na maioria das vezes inconsciente, às vezes até reativa, como eu vou comunicar a minha intenção. Então eu vou dar um exemplo bem simples aqui. Por exemplo, o servidor caiu. É uma frase simples. Se a gente estivesse ao vivo, eu pediria para vocês me falarem qualquer frase, porque qualquer frase a gente pode utilizar para dar esse exemplo, tá? O servidor caiu. De quantas formas possíveis nós podemos dizer que o servidor caiu? possíveis, nós podemos dizer que o servidor caiu. Responda para você aí. Se quiser, pode pôr no chat também do nosso Discord. Algumas, né? Então, a gente pode falar com outras palavras, não pode? O servidor caiu, caiu o servidor. A gente pode inverter a ordem. A gente pode falar alguma outra frase que represente aquilo que nós estamos querendo dizer. Nós podemos dizer, ih, ferrou. Podemos dizer, isso pode representar o nosso sentimento. A gente pode dizer, tá fora do ar. Ou seja, podemos utilizar outras palavras para dizer a mesma coisa. Tudo bem? O servidor caiu, tá fora do ar. Alguma expressão de surpresa ou de preocupação, de desespero, dependendo do contexto. Agora, a gente está variando no que a gente chama de dimensão verbal. Na escolha das palavras, na ordem das palavras, na frase, na expressão ali, verbal. Mas a gente pode variar em outras dimensões, como a dimensão vocal. Eu posso dizer, o servidor caiu. Como eu posso dizer, o servidor caiu. Como eu posso dizer, o servidor caiu. Vocês percebem que aqui eu fiz uma combinação da dimensão vocal modulei a minha voz de uma maneira diferente e eu também tive uma expressão facial diferente, se você só ouvir, vamos supor que você não esteja me vendo deixa eu pegar alguma coisa que possa cobrir o meu rosto aqui ó, peraí pegar um espelho aqui peraí pegar um espelho aqui, peraí, pegar um espelho, então, peguei esse espelho, e eu vou cobrir o meu rosto, tá? Então, vamos lá. O servidor caiu! O servidor caiu. O servidor caiu. E aí? Deu pra perceber alguma diferença? Você não estava vendo meu rosto, mas você estava ouvindo a minha voz. E em cada uma dessas vozes, eu estou passando uma informação de que o servidor caiu. Mas eu estou passando algo mais. Estou passando algo que vai além de dizer que o servidor caiu, mas eu estou passando algo mais. Estou passando algo que vai além de dizer que o servidor caiu. Eu posso estar passando que o servidor caiu, mas que eu estou feliz com isso. O servidor caiu. Eu posso passar a informação de que o servidor caiu e que eu estou muito brava. O servidor caiu. Mas eu posso passar, por exemplo, que eu estou desesperado, o servidor caiu, tudo bem? Nós fazemos isso a todo instante, de maneira inconsciente, sem controlar a maneira que codificamos a nossa comunicação, a todo instante o nosso cérebro está decidindo como vamos codificar a mensagem que queremos passar para as pessoas. O tempo todo. E o fato de nós não termos consciência disso também nos leva para mais distante de controlar como estamos nos comunicando. Talvez você já tenha participado de alguma discussão em que a pessoa virou para você e falou assim, nossa, você não precisava ter utilizado essa palavra. Nossa, você não precisava falar assim comigo. Nossa, por que você está gritando? E aí quando você para pra peraí, nossa, é verdade, eu estou gritando. Nossa, é verdade, eu estou falando muito alto. Nossa, eu estou, acho que eu estou alterado. Por quê? Porque não estamos no controle nesse momento. O nosso cérebro está por conta própria codificando a maneira que ele quer. E muitas das vezes vinculado ao nosso sentimento. A como estamos nos sentindo. Mas nem sempre a gente pode agir conforme os nossos sentimentos, né? Muitas vezes a gente vai precisar agir de uma maneira diferente do que os nossos sentimentos querem que a gente haja. Tudo bem? Então, dentro da comunicação, nós temos emissor, receptor, temos a mensagem, temos o meio pelo qual nós vamos mandar essa mensagem, nós temos o processo de codificação, onde eu defino como eu vou comunicar, o servidor caiu, então quais palavras eu vou utilizar, qual frase eu vou compor, qual é o tom de voz que eu vou utilizar? Qual volume eu vou utilizar? Qual a modulação que eu vou utilizar? Qual o gesto? Qual a expressão facial? Tudo isso o nosso cérebro faz muito rápido. E de maneira automática. E a gente tem pouco controle sobre isso quando a gente não tem consciência de que nós fazemos isso. Interessante, né? Então, a gente tem a codificação e do outro lado, do lado do receptor, nós temos a decodificação, ou seja, é o processo de pegar aquela mensagem e compreendê-la. E olha que interessante, se eu codificar uma mensagem, igual aquele gesto que eu falei para vocês, eu estou codificando, eu quero te cumprimentar e eu vou utilizar um determinado gesto que para mim faz sentido. Mas na hora de você codificar essa mensagem, pode ter um outro significado para você. Quando eu verbalizo algo num outro idioma do qual você desconhece, na hora de você decodificar a mensagem, você vai ter dificuldade de encontrar significado e sentido naqueles sons que você está ouvindo, certo? Então eu posso falar pra você, O que isso significa? se você ouviu isso e não entendeu absolutamente nada é o que muitas das pessoas que ouvem a gente falando tecnicês sentem não entendi nada o que você falou? ou pessoas que falam de maneira embolada também nossa, eu não entendi nada que você falou pode repetir? então é o mesmo processo é a mesma sensação falam de maneira embolada, também. Nossa, eu não entendi nada que você falou. Pode repetir? Então, é o mesmo processo, é a mesma sensação, é a mesma situação, basicamente. Se utilizando de uma codificação, que a outra pessoa não vai conseguir decodificar. Porque no meio do caminho, existe aquilo que a gente chama de ruídos. São muitos os ruídos que podem atrapalhar e impedir a nossa comunicação de chegar lá do outro lado de uma maneira que seja compreensível. Tá bom? E por último, mas não menos importante, dentro dessa teoria de processo de comunicação, existe o que a gente chama de feedback. Então, eu emito uma mensagem, essa mensagem eu escolhi um meio para que ela pudesse chegar do outro lado, ela vai sofrer influência dos ruídos, eu codifico ela, você decodifica aí do outro lado, conforme a sua maneira, sua significação, a maneira com que você dá significado para as coisas, com o seu entendimento. E aí você me traz um feedback. No momento em que você me traz um feedback, a gente começou, então, a estabelecer uma comunicação. Por isso que aquilo que nós estamos fazendo nesse exato momento não é uma comunicação, porque eu não tenho um feedback de vocês. A gente está apenas tendo um comunicado, onde eu emito mensagens emito, emito, emito, emito mas eu não tenho feedback de vocês pra que a gente possa estabelecer uma comunicação, agora se você mandar uma mensagem lá no Discord a gente pode começar a estabelecer uma comunicação se você mandar uma mensagem no Insta a gente começa a estabelecer uma comunicação tudo bem? Fora isso a gente fica com esse elemento pendente pra gente poder dizer, olha, uma comunicação. E a partir desse feedback, eu consigo ir melhorando a minha codificação, a maneira com que eu escolho comunicar aquilo que eu tenho como intenção na minha cabeça. Mas lembre-se, a intenção nunca é suficiente. E respondendo uma pergunta que eu falei no final da aula passada é o quanto eu preciso me responsabilizar por aquilo que eu emito de mensagem? Eu tenho que ser muito sincera que na minha humilde opinião nós precisamos nos responsabilizar 100%. Ah, Thaisa, mas eu falei que se a outra pessoa não conseguiu entender, o problema é dela. mas eu falei que se a outra pessoa não conseguiu entender, o problema é dela. Na minha visão, a maneira com que nós emitimos e codificamos a nossa mensagem é nossa responsabilidade. Será que nós estamos nos importando com o receptor, se ele de fato tem a capacidade ou tem o entendimento, o alinhamento para conseguir compreender o que nós estamos comunicando? Eu preciso me comunicar, por quê? Porque eu não me comunico para mim, eu me comunico para o outro. Senão eu não estaria me comunicando. Eu não precisaria falar aqui nesse vídeo, e nenhum dos professores precisaria falar, se a gente não tem a intenção de que você compreenda. Então eu não preciso fazer um vídeo se eu não tenho a intenção de que você entenda. Eu não preciso ir conversar com uma pessoa se eu não tenho a intenção de que ela entenda. Eu fico com aquelas ideias, com aquele pensamento só pra mim. Agora, a partir do momento que eu me disponho a conversar, a dialogar, a tentar passar, tornar como uma ideia que está na minha cabeça para a cabeça da outra pessoa, informar algo, eu preciso também estar disposta a pensar racionalmente sobre como eu vou codificar aquela mensagem e se a pessoa que está recebendo aquela mensagem conseguirá decodificar a mensagem. Então, é 100% minha responsabilidade. Mas, tá, isso significa, então, que uma pessoa que estuda comunicação, que pratica comunicação, que tenta melhorar sua comunicação, nunca mais terá problemas de comunicação? Não. Infelizmente, isso não é uma verdade. O ponto é, eu, Thaisa, continuo tendo falhas de comunicação no meu dia a dia, nos meus relacionamentos, dentro do ambiente de empresa. Eu posso dizer para vocês com muita segurança que são muito menores. E mais importante do que isso, quando eles acontecem, eu consigo identificar. Na maioria das vezes eu consigo identificar. Na maioria das vezes eu consigo identificar. Quando estou tendo uma discussão com uma pessoa, eu estou conseguindo identificar que do outro lado não está havendo uma compreensão exata, porque eu codifiquei a minha mensagem de uma forma que poderia ser diferente. Então, não significa que você nunca mais terá falha de comunicação, mas você diminuirá significativamente as falhas e você também conseguirá compreender quando ocorreu uma falha de comunicação a partir do momento que você se posicionar como alguém que se responsabiliza pela maneira com que você se comunica e não apenas jogando a responsabilidade para quem está ouvindo se nós não estamos fazendo nossa parte aqui desse lado, como emissores, por que a gente espera que o receptor consiga compreender? Por que a gente espera que a outra pessoa tenha a chave para desencriptar a minha mensagem? Se eu não me preocupei na hora de encriptar essa mensagem em perceber se ela de fato teria os recursos necessários pra poder compreender, pra poder tornar legível aquela mensagem que eu enviei pra ela. Usando a analogia com o WhatsApp, né, por exemplo. Que as mensagens são criptografadas. Então, eu tenho uma mensagem no meu WhatsApp que ela é criptografada, ela passa pela rede, quando chega no outro celular, precisa ter alguma coisa, precisa ter uma chave que permita, então, que essa mensagem volte a ser legível. Se não, não funciona. Vai chegar uma mensagem completamente legível lá do outro lado. E aí nós não conseguiremos ser bem-sucedidos na nossa comunicação. Faz sentido para você? Então, que nós possamos nos responsabilizar e compreendendo o que é esse sistema de comunicação, como essa comunicação funciona, como ela acontece. Por que nós temos que ser responsáveis por aquilo que nós emitimos e como emitimos, né? Tão importante aquilo que estamos emitindo é como nós escolhemos emitir. E se a pessoa lá do outro lado tem os recursos necessários para compreender o que estamos comunicando.