Vamos conhecer então a estrutura projetizada e que você já possa também ir analisando tanto a empresa que você trabalha atualmente quanto as empresas que você passou a qual destas estruturas ela se encaixa ou pelo menos que tenha ali uma estrutura majoritária, mesmo que você tenha um ambiente mais híbrido, onde tenha mais de uma estrutura. Então, a estrutura projetizada, como já chama o nome, é uma estrutura dividida em projetos, onde as pessoas se reúnem de uma maneira integral e dedicada a um projeto, seja um cliente ou seja um projeto dentro de um cliente, por exemplo, ou para um cliente. Então, a gente tem algumas características bem interessantes. Aqui, esse é um cenário teoricamente mais fácil de delegar e as pessoas estão muito engajadas com o projeto. Então, as pessoas têm mais informações a respeito do projeto também, porque elas estão de forma dedicada. Em geral, elas têm conhecimento de ponta a ponta, vamos dizer assim, não apenas de uma tarefa específica que ela precisa executar. A gente costuma ter, então, uma liderança desse grupo de pessoas que está dedicado e a gente tende a ter também um grupo de pessoas que seja suficiente para atender aquele projeto. Então, temos uma demanda, a gente reúne um grupo de pessoas que faça sentido para aquela realidade, não precisa necessariamente ser um grupo de pessoas que possuem o mesmo cargo, a mesma função, ok? Para aquele projeto, nós precisamos desse grupo de pessoas, selecionamos e agora temos uma liderança sob esse projeto. Uma liderança que vai conduzir todas as pessoas que estão ali dentro. E nós podemos ter, às vezes numa empresa com muitos projetos, uma liderança acima dessa liderança do projeto. Temos uma liderança do projeto e acima dessa pessoa nós temos então uma liderança que cuida de muitos projetos. Tudo bem? Pode ser, essa liderança pode ser um líder, assim, a nomenclatura pode variar muito de empresa para empresa. Pode ser um gestor, uma gestora de projetos, pode ser uma pessoa que só ocupa um papel de liderança, pode ser um coordenador, uma coordenadora, pode ser um gerente, enfim, a nomenclatura pode variar e até mesmo o que se espera desse papel pode variar. Mas é uma liderança desse grupo de pessoas que está dividido em projetos. Quem costuma utilizar essa estrutura? Consultorias, em geral tem equipes que são direcionadas para um cliente para cuidar de um projeto específico, órgãos públicos também atendem demandas ali de, às vezes, projetos específicos, não são todos, tá? Mas eu já vi isso acontecendo dentro de órgãos públicos. E eu tive a oportunidade de participar e trabalhar numa empresa projetizada, numa estrutura projetizada, que era uma software house. Então, a gente reunia um grupo de pessoas, esse grupo de pessoas ficava dedicado ao cliente exclusivamente, tudo bem? Isso não significa que essa pessoa não possa, uma pessoa ou outra da equipe, permear sobre algum outro projeto, tá? Mas, em geral, se reúne uma equipe e tem uma liderança daquele projeto, daquele cliente de forma específica. Como eu trabalhava em uma software house, então eu cheguei a participar de projetos onde tinha uma liderança, um desenvolvedor sênior no caso, liderando um grupo de desenvolvedores. E a gente tinha pontualmente a participação de pessoas de outras áreas, como teste, como design, por exemplo. Mas a equipe era uma equipe que possuía desenvolvedores back-end, front-end, mobile, e a gente então era a equipe do Google, a equipe que atendia a C&A, a equipe que atendia a Nextel, por exemplo. E aí vamos então para as vantagens dessa estrutura. Existem algumas vantagens muito interessantes. Uma delas é a autonomia que essas pessoas possuem, justamente porque elas estão num ambiente onde elas têm mais controle e mais conhecimento. Então, quando eu trabalhava no projeto da Nextel, eu tinha muita autonomia para falar com o cliente, eu tinha autonomia para buscar mais informação, tinha autonomia até para opinar sobre decisões super importantes, tanto do nosso lado como equipe, prestadores de serviço, quanto com a empresa que estava nos contratando. Outro ponto super legal dessa estrutura é a velocidade na comunicação. Então, eu não tenho que permear departamentos. Eu falo diretamente com o cliente, eu falo diretamente com as pessoas que estão envolvidas sem restrições, de uma forma muito mais conjunta, é uma equipe, nós estamos aqui focados, às sugestões, às reclamações, em termos internos vai para uma única liderança. Essa liderança é responsável por todo aquele de conhecimento que existe dentro dessa equipe. Então essas pessoas elas estão ali de forma dedicada, logo elas conseguem compartilhar conhecimento mesmo que elas tenham funções diferentes. do mobile, do design, etc, essas pessoas estão muito próximas e elas podem compartilhar tanto o que elas estão fazendo quanto o conhecimento que elas possuem ou opinar, sugerir algo para a frente daquela outra pessoa com muito mais tranquilidade. Então não é apenas a velocidade, mas também a liberdade e a gestão do conhecimento, ela fica mais centralizada naquele grupo de pessoas, né? Acontece de uma maneira muito mais natural. A questão de feedbacks, quando a gente fala de uma cultura de feedbacks, quando a gente fala sobre feedbacks de maneira recorrente, informalmente, isso também tem de acontecer quando as pessoas estão juntas para trabalhar, tá? Tem várias vantagens, tá? Uma outra questão super legal desse estilo, além então da autonomia, velocidade na comunicação, report único, gestão do conhecimento ali entre as pessoas, é a questão das pessoas poderem se ajudar, então eu peço uma ajuda para alguém de forma específica, eu tendo a ter uma velocidade muito maior em relação a essa resposta. para aquele projeto. Logo, a visão que ela pode ter de ponta a ponta, os conhecimentos que ela pode possuir em relação a outras áreas, a outras tarefas, a outras extensões do projeto e até mesmo um nível de profundidade em relação ao entendimento de negócio, o entendimento da dor do cliente é muito maior do que quando a gente tem uma estrutura funcional, que é o que eu vou falar daqui a pouquinho, divididas em departamentos. Então, não chega pra mim apenas uma tarefa pra ser executada, chega pra mim todo o contexto do projeto, né? Quem é o cliente, qual a necessidade dele, qual é o projeto, quais são os prazos. Então, eu tive o privilégio de liderar uma equipe justamente nesse formato projetizado dentro de uma empresa que era na estrutura funcional. E as pessoas da equipe todas, sem exceção, elas sabiam muito sobre o projeto, algo que ia muito além das tarefas das quais elas estavam encarregadas, das quais elas eram responsáveis. Então, ela sabia muito bem o que as outras pessoas estavam fazendo, ela sabia muito bem quais eram as dores que as outras pessoas da equipe estavam vivenciando. Ela sabia, por exemplo, qual era a dor do cliente, ela sabia métricas que a gente acompanhava como equipe, a gente acompanhava todas as métricas, todas as KRs, recorrentemente. Essas pessoas tinham conhecimento sobre tudo o que estava acontecendo. Era incrível. Você podia chegar na equipe e perguntar pra qualquer pessoa uma dúvida que você tivesse sobre o projeto e que qualquer pessoa saberia te responder. E se não soubesse, saberia onde buscar informação. Tudo bem? Então, essas são vantagens muito legais dessa... Tendem a ser, né? Pode ser que a pessoa viva numa estrutura projetizada e ela não consiga desfrutar dessas vantagens, tá? Mas é algo que pode acontecer. Mais um exemplo, é fora do escopo de tecnologia, mas às vezes se você trabalha numa empresa de construção civil, você pode se deparar também com essa realidade de projetos em relação à construção civil, né? Você junta ali um grupo de pessoas, você tem engenheiros, você tem pedreiros, você tem, enfim, empreiteiros, você tem várias pessoas que estão ali, arquitetos, que estão ali focadas em fazer aquela construção. E aí para outro projeto pode ser uma outra configuração, uma outra combinação de pessoas, tá? Para outro projeto pode ser uma outra configuração, uma outra combinação de pessoas. Quais são as potenciais desvantagens e cuidados que a gente pode encontrar? Pausa rápida. Você que já identificou que está numa estrutura projetizada, você consegue ver, pode anotar aí, mandar no chat ou só deixar anotado no seu caderno mesmo, né? Estrutura projetizada, você que está nesse contexto, ou que você percebe que existe uma estrutura majoritária de projetos na sua empresa, você consegue enxergar essas vantagens na prática? Você tem vivenciado essas vantagens? E se não, por quê? Porque você acha que essas vantagens que eu mencionei não são a realidade pra você hoje, pra sua equipe hoje. Então já é um mão na massa pra você, tá? Pode pausar aqui que agora eu vou falar das desvantagens, né? Dos pontos de atenção que a gente precisa ter. Então, uma das desvantagens potenciais que a gente precisa ter. Então, uma das desvantagens potenciais que a gente encontra nesse formato, que é a ineficiência dos custos. Então, essas pessoas estão separadas, mas a gente pode ter, por exemplo, vários projetos semelhantes ou que poderiam ser desenvolvidos se fossem agrupados de alguma maneira. Então, a eficiência em alocar as pessoas, em alocar até mesmo os recursos, as contratações, elas são completamente separadas quando pode existir a possibilidade de um outro projeto ter uma mesma necessidade e você conseguir agrupar aquele desenvolvimento. Então essa ineficiência de custo, pensando em custo de alocação de pessoa ou até mesmo custo de alocação de recurso, ela pode existir e é um ponto de atenção, ok? O próximo ponto é projetos duplicados. A gente pode ter uma empresa com muitas equipes focadas em projetos que às vezes nem se conversam. Então, a gente já tem duas questões aí, né? A gente tem a questão dos projetos duplicados, de coisas que estão acontecendo em diversos projetos que são a mesma coisa, uma implementação que é a mesma, é uma necessidade que é a mesma e que às vezes nem estão se conversando. Aí a gente entra numa outra dor que é a questão da comunicação entre projetos, é uma dor que não é fácil de ser solucionada, tá? Então quando você tem uma dificuldade de diálogo entre os projetos, se você não for intencional e construir isso de maneira intencional entre as pessoas dos projetos, isso de maneira intencional, entre as pessoas dos projetos, que é a grande tendência dessas estruturas projetizadas, eles não se conversam. Então, a gente começa a ter projeto duplicado e a gente começa a ter uma centralização de conhecimento. As pessoas não estão compartilhando conhecimento entre si, às vezes estão vivendo dores similares. Eu tenho um desafio aqui no meu projeto e você está vivendo o mesmo desafio no seu. Só que a gente não se conversa, ou às vezes a gente nem se conhece. Eu conheço muitas software houses das quais os desenvolvedores e as desenvolvedoras nunca nem se conversaram. Por quê? Porque eles têm uma sociabilização, uma sociabilização, né? Uma sociabilidade, uma socialização, misturei as duas palavras, né? Apenas com as pessoas que estão no seu projeto, que estão trabalhando com elas. E aí a gente pode ter, então, projetos duplicados, uma ineficiência na comunicação entre projetos, apesar da eficiência da comunicação dentro daquele grupo de pessoas. Tá fazendo sentido pra você? Então vamos lá. O próximo é a questão de projetos verticalizados, né? As pessoas, elas acabam olhando apenas para a sua necessidade de maneira individual e não para a companhia, não para a empresa, então é muito comum dentro de software houses, por exemplo, a pessoa nem se sentir parte da empresa, se a empresa não for intencional em construir essa questão, essa cultura. E cada equipe passa a ter a sua própria cultura. Ela não leva a cultura da empresa. Por quê? Porque ela não está conectada mais à empresa. Ela está conectada aqui, ao projeto. Então, eu passo a ser a pessoa que trabalho para aquela empresa terceira, estou prestando serviço para ela, às vezes eu me sinto mais parte daquela empresa do que da empresa a qual eu sou contratada. Então, esse é um ponto de cuidado super importante também, né? Você possa ser mais um... Eu tô fornecendo serviço lá pra aquela outra empresa, eu sou daquela empresa. Isso é uma tendência a acontecer e que tem que ser entendido se realmente isso é uma desvantagem ou não e se essa é a intenção da empresa. Porque essa empresa que contratou essa pessoa e alocou ela num cliente, até que ponto ela quer que essa pessoa carregue a cultura da empresa que a contratou? Ok? E aí a empresa pode perder a sua identidade, se para cada projeto as pessoas tem uma cultura totalmente diferente acaba acontecendo de ter processos muito distintos, se eles não são padronizados até certo ponto, afinal de contas cada cliente é diferente, pode ter uma necessidade diferente, então criar esse equilíbrio entre os padrões e a identidade da empresa, a cultura da empresa frente a cultura de quem está contratando aquele time é um grande desafio, tá? E o projeto finalizado, a equipe precisa ser alocada em outro projeto, depois, se é uma empresa que tem projetos curtos, projetos de médio prazo, depois que você finaliza isso, você vai conseguir trazer como empresa um novo projeto para exatamente essa estrutura, esse esquema de equipe? Às vezes não, às vezes você vai precisar desmembrar essa equipe, essa pessoa de mobile vai para aquele outro projeto, essa pessoa de front-end vai para aquele outro projeto, ou às vezes até precisar desalocar ou desligar algumas pessoas, porque justamente você não tem como alocá-las. Então, essa é uma potencial desvantagem, uma debilidade, ou pode ser uma oportunidade, dependendo da sua estrutura e do que você deseja. Tudo bem? Então, essas são algumas vantagens, alguns pontos de atenção super importantes para você levar em consideração, super importantes para você levar em consideração caso você tenha uma estrutura projetizada na sua realidade. Lembrando que, óbvio, nós estamos aqui falando com profissionais de tecnologia, desenvolvedores, desenvolvedoras, arquitetos e arquitetas de software, mas essas estruturas podem ser utilizadas em qualquer contexto. Vai construir uma usina elétrica, tá bom? A gente provavelmente vai ter ali uma estrutura projetizada de pessoas que vão estar dedicadas para aquele projeto. Uma construção civil, provavelmente, quando a gente está falando de uma consultoria. Então, há um grande desafio. Na verdade, há vários desafios que precisam ser enfrentados e decisões que vão precisar ser tomadas, porque, de novo, cada estrutura tem suas vantagens e suas desvantagens. Na próxima aula, eu quero trazer para você conhecer um pouquinho mais da estrutura funcional.